A importância das alternativas ao SF6 e outros gases com efeito de estufa para as iniciativas de redução de carbono

A urgência de agir em relação às alterações climáticas nunca foi tão grande, e, na ausência de regulamentação global, as empresas estão voluntariamente a tomar medidas para preencher esta lacuna.

No momento de publicação deste blog post, mais de 1000 empresas já estabeleceram objetivos públicos de redução de emissões de carbono com base na ciência através da iniciativa Science Based Targets (SBTi), e centenas mais adotaram programas de energia renovável, eficiência energética e veículos elétricos através dos programas RE100, EP100 e EV100 do The Climate Group.

Os mais recentes compromissos levaram a ação das empresas a novos níveis, com compromissos de neutralidade de carbono ou até mesmo negatividade de carbono.

Grande parte das ações até à data focou-se na redução das emissões geradas pela produção de eletricidade, nomeadamente as que estão classificadas no Âmbito 2 do Protocolo GHG. A maior parte destas emissões resulta da combustão de combustíveis fósseis, como o carvão e o gás natural, sendo o dióxido de carbono (CO2) que mais peso tem nos gases com efeito de estufa.

No entanto, à medida que as empresas se vão tornando mais sofisticadas na sua abordagem às medidas de redução das emissões de carbono, torna-se imperativo lidar com um conjunto mais vasto de emissões.

Uma nova ênfase na redução de carbono 

A redução do consumo de eletricidade operacional e a aquisição de energia renovável para as necessidades restantes (sob a forma de contratos de aquisição de energia [PPA] ou através de certificados de atributos de energia [EAC]) é uma forma relativamente simples de gerir emissões do Âmbito 2.

Efetivamente, até à data, as empresas têm sido responsáveis pela aquisição de mais de 32 gigawatts da capacidade de eletricidade renovável em todo o mundo via PPA até ao final de 2019, de acordo com o Bloomberg New Energy Finance (os clientes da Schneider Electric são responsáveis por cerca de 25% deste total).

É mais difícil reduzir as emissões noutras áreas de negócio e, dependendo do tamanho e da atividade da empresa, a eletricidade pode ser uma componente relativamente pequena da sua pegada global de emissões.

Por exemplo, setores como o turismo, o transporte marítimo e outras formas de transporte, ou as indústrias de processamento com utilização intensiva de energia que dependem da energia térmica para o aquecimento, podem ter uma pegada do Âmbito 1 extremamente elevada devido ao consumo de energia nas suas próprias frotas e instalações.

Quase todas as empresas têm dificuldades em lidar com as reduções do Âmbito 3, visto que essa categoria inclui as contribuições de emissões relacionadas com as cadeias de abastecimento, viagens de negócios e gestão de resíduos, estando assim fora do seu controlo operacional direto.

A boa notícia é que a procura por reduções nestas áreas críticas está a originar inovação. Os desenvolvimentos em circularidade e conceção do ciclo de vida dos produtos, biocombustíveis e outras tecnologias estão a ajudar as empresas a aproximarem-se de emissões líquidas nulas.

Nem todos os GEE são iguais

Repensar a forma de fazer negócios torna-se ainda mais crítico nestas áreas, no que diz respeito aos tipos de emissões que estão a ser produzidos. Enquanto a produção de eletricidade resulta principalmente em emissões de CO2, muitos outros gases com efeito de estufa (GEE) estão implicados quando se considera uma pegada operacional mais alargada.

Estes incluem o metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e os hidrofluorocarbonetos (HFC), perfluorocarbonetos (PFC), hexafluoreto de enxofre (SF6) e trifluoreto de azoto (NF3), conhecidos coletivamente como gases F.

Estes GEE não são equivalentes quando se considera o seu potencial de aquecimento global (PAG), que é uma medida da potência de cada GEE. Para referência, o CO2 tem um PAG de um (1). Os PAG de outros GEE refletem a quantidade de calor que estes retêm na atmosfera durante um horizonte temporal específico, em comparação com o CO2.

Por exemplo, o CH4, um dos outros GEE mais proeminentes na atmosfera, tem um PAG de cerca de 30. Isto significa que as emissões de 1 milhão de toneladas de CH4 causam o mesmo efeito de aquecimento que aproximadamente 30 milhões de toneladas de CO2. [Para comparar todos os GEE equitativamente, a dimensão relativa da contribuição e o PAG para outros gases são convertidos em equivalentes de dióxido de carbono (CO2e) quando incluídos na pegada de emissões].

Atualmente, os GEE de origem antropogénica que não o CO2 representam 25% das emissões globais. O relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) realça a importância de reduções profundas e simultâneas das emissões de GEE não-CO2, especialmente do metano, juntamente com emissões líquidas nulas de CO2e como forma de limitar o aquecimento global a 1,5 °C.

O papel do SF6 na indústria da eletricidade

O SF6, embora seja relativamente raro na atmosfera, tem um PAG de 23.500, sendo o GEE mais potente. Trata-se de um gás inodoro, não tóxico e altamente estável utilizado numa variedade de aplicações industriais e científicas, incluindo como propulsor, decapante e isolante. A maior parte do SF6 é utilizada na indústria da eletricidade como meio dielétrico que proporciona uma solução de elevado desempenho, segura e economicamente conveniente para o isolamento elétrico e a interrupção da corrente.

Procurar alternativas sustentáveis ao SF6 e a outros GEE de alta potência na utilização e produção industrial é uma abordagem importante à gestão global dos GEE. Reduzir os gases F requer muitas vezes que a sua utilização seja abordada em cada uma das fases do ciclo de vida dos produtos.

Durante o fabrico, podem ocorrer fugas ao encher os produtos. Durante a utilização, é possível que ocorram em resultado de uma manutenção incorreta ou falha do produto. Mas é no fim da vida útil que as fugas e a dispersão atmosférica são mais prováveis.

Quando gerido corretamente, o SF6 pode ser reciclado ou destruído, o que reduz a necessidade da sua produção futura ou neutraliza o seu PAG.

Uma oportunidade de inovar

Em todo o mundo, os regulamentos estão a concentrar-se cada vez mais no SF6 devido à sua potência, e estão previstas mais restrições em anos futuros.

Por exemplo, o SF6 já foi banido na UE ao abrigo do Regulamento Relativo aos Gases Fluorados, exceto na indústria da eletricidade, para a qual ainda existem poucas alternativas adequadas. Na Califórnia, a legislação sob análise contempla a possibilidade de proibir a venda de equipamentos à base de SF6 depois de 2025.

Os fabricantes de equipamento elétrico estão a inovar para encontrar novas soluções isentas de SF6 para enfrentar os desafios ambientais do século XXI. Estas inovações permitem ultrapassar essas restrições e aceleram a adoção de tecnologias mais ecológicas.

Além disso, por exemplo existem atualmente alternativas sem SF6 para quadros elétricos de média tensão, que representam um passo significativo na luta contra o aquecimento global. À medida que mais regiões adotem regulamentos sobre gases F, surgirão certamente oportunidades semelhantes de inovação.

Desenvolvimento de uma estratégia abrangente 

É crucial que as empresas reduzam as suas emissões de todos os GEE; quanto maior for a concentração de GEE na atmosfera, maior será o aquecimento do planeta e maior o potencial dos piores impactos previstos das alterações climáticas se fazerem sentir.

Mas como é que as empresas devem priorizar as suas estratégias de redução de GEE? Qual a fonte de emissão que devem procurar travar primeiro?

A resposta é abrangente. As empresas devem criar uma estratégia que consiga reduzir os três âmbitos de emissão e que explore formas de mitigação das emissões de GEE não-CO2. A forma como cada empresa aborda esta estratégia difere. Algumas poderão estabelecer um objetivo agressivo e abrangente desde o início. Outras poderão começar com soluções mais fáceis de concretizar. Em todo o caso, o passo mais importante é começar.

Recomendamos o seguinte:

  • Comece por determinar a pegada de GEE da sua organização para compreender a linha de base das suas emissões.
  • Em seguida, estabeleça um objetivopara as reduções, anunciando-o publicamente, e considere a verificação desse objetivo por uma entidade terceira. Encorajamo-lo a ser agressivo, visto que pesquisas recentes realizadas pela Schneider Electric indicam que os objetivos ambiciosos e anunciados publicamente ajudam as empresas a avançar de forma mais rápida e com mais confiança.
  • Em seguida, desenvolva e implemente um plano que inclua:
    • Prevenção de emissões, quando possível
    • Redução das emissões através de:
      • Melhoria da eficiência do consumo de energia em toda a organização através da implementação de programas de eficiência ao nível da empresa
      • Aquisição de energia renovável como forma de mitigar as emissões resultantes da geração de energia elétrica
      • Reavaliação da utilização de combustível e gás e adoção de alternativas, quando disponíveis
      • Implementação de práticas comerciais circulares que reavaliem a conceção dos produtos e reduzam ainda mais ou eliminem gases com efeito de estufa específicos, como o SF6
    • Compensação das emissões de carbono que não podem ser eliminadas através de ações verificadas e de alta qualidade como forma de minimizar o impacto ambiental das mesmas
    • Envolvimento de fornecedores, clientes e outras partes interessadas para atingir resultados semelhantes.

A equipa global de Serviços de Energia e Sustentabilidade da Schneider Electric pode trabalhar com a sua empresa em cada etapa do processo para o ajudar a estabelecer e atingir eficazmente os seus objetivos de emissões. Contacte-nos hoje.

A Schneider Electric está a introduzir soluções sem SF6 no mercado, começando pela nossa nova tecnologia de quadros elétricos de média tensão. Deixe a nossa tecnologia fazer parte da sua solução. Saiba mais aqui.

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