Elaborar um projeto residencial é uma das obrigações do designer de interiores, que precisa atender a certas demandas e garantir que tudo saia conforme o planejado.
No meio do caminho, surgem muitas dificuldades. Camila Cordista, designer de interiores à frente do Cordista Interiores e Lighting, aceitou conversar sobre alguns desses obstáculos. Ao conhecê-los, é mais fácil contornar os problemas e chegar ao sucesso, que vem na forma de satisfação do contratante.
A seguir, veja quais são os principais desafios e entenda como é possível deixá-los para trás!
O ser humano
Todo projeto residencial parte de uma premissa básica: ele precisa atender às necessidades de quem ocupa o lar. O profissional não pode apenas implementar a sua visão, pois tem que considerar todas as exigências e expectativas de quem contrata.
Mais que isso: o responsável pelo projeto é quem realiza os sonhos dos clientes. O grande problema é, justamente, que qualquer contato interpessoal pode gerar dificuldades.
O relacionamento com o ser humano é desafiador porque cada um tem uma personalidade e um jeito de enxergar a mesma coisa. Então, a elaboração de um projeto pode incluir divergências fundamentais sobre qual caminho seguir.
Ao envolver os sonhos, o processo é ainda mais desafiador. “Quando lidamos com sonhos, temos que ter muito cuidado para não frustrar o cliente. Portanto, a transparência é fundamental”, pondera Camila.
Os projetos, normalmente contam com dois momentos: a elaboração do projeto e a implantação. É durante o segundo em que os atritos podem surgir, assim como os problemas e as discordâncias. “Essa fase já é mais delicada, pois envolve dinheiro, tempo, ansiedade e a necessidade de perfeição”, explica.
Para lidar com tal dificuldade, não há fórmulas prontas, já que cada pessoa é diferente. No entanto, é possível facilitar o processo. “O mais importante é saber ouvir o cliente, suas necessidades, seus anseios, suas experiências, entender a rotina de cada área e espaço, estar atento a todos os interlocutores e como se relacionam entre si”, explica a designer.
Os erros em projetos residenciais
Cometer qualquer erro no projeto significa, potencialmente, uma execução errada. Por causa dos seus grandes impactos, é um dos maiores desafios dos profissionais da área. “Os erros costumam acontecer principalmente quando se inicia na área, pois nenhuma universidade ou escola técnica prepara para um mercado com tanta riqueza de detalhes”, explica Camila.
Além da insatisfação, o grande problema por trás de uma situação de falha é a necessidade de retrabalho. Especificar o revestimento incorreto ou errar no número de tomadas, por exemplo, exige que tudo seja refeito. Trata-se de algo que custa tempo e dinheiro, o que poderia causar prejuízos ao orçamento da reforma.
Na prática, não dá para evitar todos os erros, mas é possível diminuir a sua ocorrência. De acordo com a profissional, “somente a experiência adquirida ao passar dos anos vai mitigar os erros”.
Além de tudo, é fundamental identificá-los rapidamente. Quanto mais cedo a falha for encontrada, menor é a “propagação” dela em outras etapas e mais simples é a solução. No final, o cliente não deve ser penalizado financeiramente.
“Para impedir erros, é importante seguir um escopo de trabalho, com começo, meio e fim, e revisar pelo menos duas vezes, por duas pessoas diferentes. Assim, o que um profissional não vir, o outro verá”, ensina Camila.
A aprovação do projeto residencial
Já que a relação com o ser humano é um ponto de atenção, é natural que a aprovação também encontre seus obstáculos. Isso acontece porque, muitas vezes, o cliente não consegue visualizar como o espaço ficará ao final da intervenção profissional.
Ainda no planejamento, ele pode solicitar várias alterações e adições que, nem sempre, condizem com a proposta inicial. Para o arquiteto, significa ter que adaptar o projeto residencial ou mesmo convencer o cliente de desistir de uma ideia.
Outro obstáculo para a aprovação é o orçamento. Muitas vezes, as pessoas querem transformar vários ambientes, mas os custos previstos não são suficientes para fazer todas as mudanças. Com isso, precisam rever o que realmente merece a atenção.
Nesse caso, uma boa prática é só iniciar a obra quando todo o projeto executivo tem os custos levantados. Assim, os clientes sabem o valor do investimento inicial e as estimativas de acréscimos no processo.
“Com o orçamento em mãos, o contratante consegue reorganizar suas finanças e elencar suas prioridades. É comum muitos clientes deixarem de executar determinado ambiente do imóvel para ajustar o orçamento”, pontua Camila.
Além de investir em máxima transparência, vale fazer algumas mudanças que não comprometam a ideia principal. Dialogar ainda é a melhor saída para conseguir o sinal verde para dar início à transformação dos espaços.
A formalização do projeto residencial
Depois de tantas definições, é preciso garantir que tudo esteja registrado da forma correta. A formalização é essencial para manter a segurança do profissional ou escritório e, também, do cliente. É no contrato que estão todos os processos da obra, os custos, as formas de pagamento, os prazos e outras questões.
Como se trata de uma burocracia, é comum que os profissionais tenham dificuldades — especialmente, aqueles que trabalham de forma autônoma. No entanto, não dá para abrir mão dessa relevante etapa. É o que Camila explica: “Além de verbalizar muitas coisas com os clientes em cada fase, boa parte delas está redigida no contrato, tanto de desenvolvimento de projeto quanto no de implantação de obra/projeto”.
Além da formalização, ainda é preciso cuidar de outras etapas. A atualização dos relatórios, o escaneamento de documentos, o recolhimento de impostos, a resposta a e-mails e a organização de arquivos são apenas alguns detalhes. Não há jeito fácil de driblar a burocracia, mas a organização ajuda bastante. Assim, tudo transcorre sem maiores problemas.
“É necessário oferecer tempo e dedicação, além de ter um bom organograma e, se possível, um sistema de gestão de escritório de interiores. Caso não tenha um sistema de gestão, controle tudo por planilhas.”, finaliza.
Os diversos desafios de um projeto residencial podem até dificultar a atuação dos profissionais do ramo. No entanto, com um bom planejamento é de grande ajuda. Ele permite, inclusive, justificar melhor as ações e evitar impasses com os clientes.
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