Após a COP30: a realidade empresarial num panorama climático fragmentado

Isabel Fernández de la Fuente

Principais avanços da COP30

As cúpulas climáticas enfrentam um desafio extraordinário: pedir a 195 nações que entrem em acordo sobre a transformação da economia global, enquanto esta ainda funciona. A COP30, em Belém, incorporou essa complexidade. Embora não tenha oferecido nem o avanço esperado nem o colapso temido, trouxe algo mais sutil: o trabalho paciente e essencial de se chegar a um consenso, em meio às distintas circunstâncias nacionais.

As manchetes se concentraram no que faltou: uma linguagem explícita sobre combustíveis fósseis no texto final, entre outras coisas. No entanto, Belém trouxe um progresso substancial em várias frentes:

Financiamento florestal e adaptação:

O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) avançou com mais de US$ 6,7 bilhões rumo à sua meta de US$ 125 bilhões — um financiamento real para a proteção florestal, em uma escala sem precedentes;

Os países concordaram em triplicar o financiamento para adaptação, reconhecendo as necessidades urgentes das nações vulneráveis em relação ao clima.

Plano de Ação de Gênero e transição justa:

Compromissos sobre combustíveis fósseis:

  • No que tange aos combustíveis fósseis, o progresso ocorreu fora do texto formal: a presidência da COP30 se comprometeu a desenvolver roteiros para o fim do desmatamento e do uso de combustíveis fósseis;
  • Colômbia e a Holanda sediarão a primeira Conferência Internacional para a Eliminação Gradual dos Combustíveis Fósseis em Santa Marta (Colômbia), abril de 2026.

A COP30 merece crédito por levar adiante as ações climáticas, em uma frente tão ampla, durante este período geopolítico turbulento. A filosofia do mutirão delineou uma abordagem que encontrou soluções criativas, quando as negociações tradicionais chegaram ao seu limite. É assim que as transições realmente se desenrolam: através do acúmulo persistente de estruturas, mecanismos e compromissos, que gradualmente mudam os incentivos econômicos e criam novas possibilidades.

Efetivando os compromissos

A verdadeira conquista da COP30 pode ser seu foco na transformação de compromissos existentes em estruturas viáveis. A Coalizão Aberta de Mercados Regulados de Carbono, do Brasil, exemplifica essa abordagem prática. Ela reúne China, UE, Reino Unido e outras grandes economias, não para impor preços uniformes de carbono, mas para possibilitar o comércio, apesar dos diferentes sistemas de precificação.

Considere a variação nos pontos de partida:

  • A China gera 55% de sua eletricidade a partir do carvão, ao mesmo tempo em que é pioneira na fabricação de energia solar;
  • A Índia depende do carvão para 73% de sua geração energética, mas precisa fornecer eletricidade a milhões de pessoas, que ainda não têm acesso a ela;
  • Os EUA dependem do gás natural para 40% de sua energia, ao passo que lideram a inovação tecnológica;
  • A Alemanha, apesar de sua Energiewende, enfrentou dificuldades com a segurança energética, após cortar o fornecimento de gás russo;
  • A UE tem mercados de carbono maduros, com preços que giram atualmente em torno de €60-80 por tonelada;
  • Muitos países em desenvolvimento estão em estágios diferentes de implementação da precificação de carbono, desde a consideração inicial até os sistemas operacionais;
  • Pequenos estados insulares enfrentam ameaças existenciais, que exigem adaptação imediata, com recursos mínimos.

Desafios corporativos

Essa complexidade se estende ao nível corporativo. Pesquisas recentes1 indicam que 98% das empresas públicas carecem de estratégias confiáveis de realocação de capital. Como resultado, elas devem coletivamente ultrapassar seus orçamentos de carbono em 61%, até 2050. Essa lacuna reflete desafios que todas as empresas enfrentam: como avaliar ativos irrecuperáveis, em quais tecnologias apostar e como satisfazer os lucros trimestrais, enquanto investem em transformações que levam décadas.

Avanços globais

Vários países estão desenvolvendo estruturas para preencher essa lacuna de implementação. Os Planos de Transição Setorial do Reino Unido, anunciados pouco antes da COP302, demonstram como setores específicos podem criar roteiros detalhados de descarbonização. A trajetória do imposto sobre o carbono de Cingapura oferece garantia de preços. A estratégia de Transformação Verde recém-aprovada pelo Japão vai além, emitindo 20 trilhões de ienes (US$ 133 bilhões) em títulos de transição climática e exigindo um sistema de comércio de emissões até 20263.

O setor privado deve agir hoje para reduzir riscos amanhã

Para as empresas que operam globalmente, essa diversidade cria a um só tempo complexidade e oportunidades. As que desenvolvem capacidades para navegar por várias estruturas ganham vantagens competitivas hoje e reduzem sua exposição financeira amanhã, conforme os mecanismos de precificação do carbono forem se expandindo e se tornarem mais rígidos. As empresas que estão fazendo progressos reais agem agora, em vez de esperar pela harmonização perfeita.

Transição energética: a base da resiliência competitiva

Enquanto a COP30 lidava com estruturas globais, os fundamentos da competitividade energética já haviam mudado. A segurança energética é agora uma prioridade nos conselhos administrativos. Uma análise recente da Schneider Electric mostra que as energias renováveis representam agora mais de 40% da geração global, com a energia eólica e solar representando, por si só, 25%. Os contratos de compra de energia à longo prazo (PPAs) corporativos atingiram níveis recordes em 2024, impulsionados não pela regulamentação, mas pela economia. As energias renováveis são a fonte mais econômica de nova capacidade, em cerca de 60% dos mercados globais.

Eficiência e flexibilidade

A eficiência energética continua a ser uma alavanca fundamental. Além disso, os desequilíbrios entre a oferta e a demanda podem criar oportunidades financeiras para as empresas, desde um melhor retorno sobre o investimento, em projetos de eficiência energética, até novas fontes de receita, oriundas da participação em programas de resposta à demanda e carga. Espera-se que a flexibilidade no âmbito da demanda desempenhe um papel cada vez mais importante, à medida que aumente a eletrificação, com a demanda assumindo um papel ativo no equilíbrio da rede elétrica, em vez de receber passivamente o fornecimento.

Checklist: ações imediatas para acelerar a transição energética

Investir em energia renovável, eficiência energética e estratégias de eletrificação, para reduzir custos e riscos climáticos.

  1. Se possível, garantir energia renovável por meio de PPAs para garantir a previsibilidade dos custos e reduzir a exposição à volatilidade dos combustíveis fósseis;
  2. Ser proativas com os fornecedores de energia elétrica, quanto aos possíveis aumentos de carga, a fim de evitar restrições de fornecimento;
  3. Explorar as oportunidades financeiras criadas pelos desequilíbrios entre oferta e demanda, desde um melhor retorno sobre o investimento em projetos de eficiência energética até novas fontes de receita, por meio de programas de resposta à demanda e carga;
  4. Manter-se informadas sobre as tendências energéticas de curto prazo, ao mesmo tempo em que desenvolvem estratégias de longo prazo em torno de orçamentos, contratos de energia e avaliações de risco climático.

As empresas que tomarem essas medidas agora, estarão em melhor patamar para se adaptarem, à medida que as condições do mercado evoluírem.

Precificação do carbono: navegando pela nova realidade comercial

Embora a COP30 tenha avançado nas discussões sobre cooperação internacional, a precificação do carbono ocorre cada vez mais por meio de mecanismos regionais. O Mecanismo de Ajuste de de Carbono da Fronteira da UE (CBAM) entra em sua fase definitiva em janeiro de 2026, embora as compras de certificados tenham sido adiadas para fevereiro de 2027 — os importadores continuam responsáveis pelas emissões de 2026, mas ganham tempo adicional para se prepararem para o pagamento. O Reino Unido deve seguir com seu próprio CBAM em 2027, exigindo que os importadores paguem pelas emissões, a menos que seus países de origem tenham preços de carbono equivalentes.

Para as empresas, o CBAM revelou-se mais complexo do que o previsto. Após o prazo final de julho de 2025, as empresas devem coletar dados de emissões específicos do local dos fornecedores, ou seja, consumo de energia, eficiência de combustível, processos de produção etc. A partir de 2026, os importadores da UE só poderão usar dados de emissões específicos do local se seus fornecedores tiverem sido submetidos a uma verificação por terceiros, incluindo visitas físicas ao local em questão.

Sem verificação, os importadores não têm outra opção a não ser reportar utilizando os valores padrão da UE, que assumem uma intensidade de emissões mais elevada e resultam em custos CBAM mais elevados. Estes são requisitos que muitos fornecedores, particularmente nos países em desenvolvimento, têm dificuldade de cumprir. Alguns estão reconsiderando as relações com os fornecedores, com base na disponibilidade de dados, em vez de apenas no preço ou na qualidade.

Checklist: ações imediatas para empresas

  1. Começar a mapear a intensidade de carbono de sua cadeia de suprimentos, antes do início das obrigações de pagamento;
  2. Dar prioridade ao engajamento com fornecedores de altas emissões, para compreender as suas capacidades em termos de dados e planos de descarbonização;
  3. Considerar estratégias de abastecimento duplo, mantendo as relações existentes, ao mesmo tempo em que desenvolvem alternativas com pegadas de carbono mais baixas ou melhores sistemas de dados;
  4. Mais importante ainda: levar em conta os custos futuros do carbono nas decisões de aquisição atuais. Trata-se tanto da resiliência da cadeia produtiva como da redução das emissões.

Adaptação: do custo do risco climático ao investimento estratégico

Um dos principais objetivos da COP30 era chegar a um consenso sobre os indicadores, com o intuito de medir o progresso global da adaptação, no âmbito do Objetivo Global de Adaptação (GGA). Foram adotados 59 indicadores, abrangendo finanças, transferência de tecnologia, capacitação e políticas sensíveis ao gênero, embora ainda haja dúvidas sobre a implementação, com possíveis revisões até 20274.

O acordo para triplicar o financiamento da adaptação, até 2035, fica aquém do que as nações vulneráveis precisam hoje, mas oferece uma certeza crucial para o planejamento. Os impactos climáticos já custam 3,3% do valor dos ativos anualmente, nas regiões expostas, de acordo com a S&P Global, chegando a 28% em cenários extremos5. O seguro tornou-se indisponível ou inacessível para muitos ativos. As cadeias de suprimentos projetadas para condições históricas mais estáveis estão se fragmentando cada vez mais, sob as condições extremas atuais.

O compromisso anual de US$ 120 bilhões para adaptação é um avanço. No entanto, as empresas, infelizmente,  não podem depender do financiamento público para resolver os riscos privados. Os impactos físicos do clima estão aumentando mais rápido do que o financiamento para adaptação, criando ameaças imediatas e oportunidades de redução de custos a médio e longo prazo.

Checklist: medidas práticas de adaptação

A adaptação não é uma despesa defensiva. É um investimento necessário na continuidade operacional e no posicionamento no mercado.

  1. Realizar avaliações detalhadas dos riscos climáticos, em todas as instalações e cadeias de valor;
  2. Investir em medidas de adaptação que proporcionem benefícios operacionais imediatos:
    1. Sistemas de reciclagem de água, que reduzam tanto o risco de seca quanto os custos;
    1. Reformas em edifícios, que reduzam o uso de energia e melhorem a resiliência ao calor;
    1. Diversificação de fornecedores, que aumente a resiliência climática e de mercado;
  3. Além disso, desenvolver produtos e serviços para mercados alterados pelo clima. As empresas que se programarem para as condições climáticas do futuro poderão usufruir de uma demanda emergente, que valerá trilhões.

O mercado voluntário de carbono: integração estratégica pós-COP30

Enquanto os governos aprimoram os detalhes técnicos do Artigo 6 e do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), o mercado voluntário de carbono continua funcionando, fornecendo canais imediatos para o financiamento climático, nos locais em que as estruturas políticas permanecem incompletas.

O Carbon Credit Outlook 2025 da SE Advisory Services (novo nome da consultoria em energia e sustentabilidade da Schneider Electric), lançado pouco antes da COP30, incorpora essa realidade. Com 55% das empresas pesquisadas planejando ampliar seu envolvimento com créditos de carbono até 2030 e 40% já ativamente envolvidas, elas não estão aguardando a clareza regulatória ideal. Os resultados das análises demonstram que as empresas estão construindo portfólios diversificados, que equilibram o impacto imediato por meio de soluções baseadas na natureza, com 50% delas priorizando os co-benefícios da biodiversidade, que incluem remoções tecnológicas emergentes.

Checklist: como usar créditos de carbono com responsabilidade

  1. Usar créditos de carbono para complementar, e não substituir, reduções ambiciosas de emissões;
  2. Considerar investimentos diretos na conservação da paisagem, alinhados com as operações comerciais;
  3. Construir portfólios diversificados, que apoiem sua jornada de descarbonização;
  4. Usar créditos baseados na natureza rigorosamente avaliados, para lidar com as emissões, enquanto modificam as operações. Ao mesmo tempo, explorar as opções tecnológicas de remoção das emissões residuais realmente difíceis de diminuir;
  5. Priorizar projetos com permanência verificada, linhas de base conservadoras e forte envolvimento da comunidade;
  6. Estabelecer parcerias com consultores experientes, que entendam tanto de avaliação de qualidade quanto de implantação estratégica.

Biodiversidade: o risco de dependência de US$ 44 trilhões

A COP30 marcou a mudança do patamar da biodiversidade de uma questão secundária para um desafio central. A iniciativa TFFF e o Compromisso da Bacia do Congo demonstram o crescente reconhecimento de que as crises climáticas e naturais são inseparáveis. A natureza engloba um valor econômico global estimado em US$ 44 trilhões6, e abordá-la separadamente do clima não só traz perdas sinergéticas, como também pode criar compensações indesejadas. A SE Advisory Services aborda esse duplo desafio, por meio de estratégias integradas de clima e natureza, reconhecendo que as capacidades desenvolvidas pelas organizações para a descarbonização e as necessárias para a transformação positiva da natureza estão fundamentalmente interligadas. As organizações que incorporam estratégias positivas para a natureza hoje, estarão bem-posicionadas para liderar, à medida que os requisitos de divulgação se tornam mais rigorosos e os mercados começam a precificar o risco da biodiversidade.

A pesquisa da SE Advisory Services com a Spainsif, “Financiamento e Investimento: Horizontes na Biodiversidade 2025”, revela que as instituições financeiras estão desenvolvendo estratégias de biodiversidade impulsionadas por riscos de dependência, em vez de conformidade. O relatório identifica a medição como a principal barreira. Ao contrário da métrica única do carbono, a biodiversidade resiste à quantificação simples. A nova norma global para a biodiversidade, ISO 17298, para cujo desenvolvimento a SE Advisory Services contribuiu, fornece estruturas de avaliação, enquanto ferramentas como o ENCORE, nossa futura ferramenta NaRVal (Nature Risk Valuation) e o Global Biodiversity Score podem apoiar o progresso em relação a essas estruturas.

Checklist: passos para integrar biodiversidade à estratégia

  1. Começar a entender sua pegada de biodiversidade. Identifique os serviços ecossistêmicos dos quais a sua empresa depende. Utilize a estrutura LEAP da Taskforce on Nature-related Financial Disclosures (TNFD) para identificar sistematicamente as dependências e os impactos relacionados com a natureza em toda a sua cadeia de valor;
  2. Estabelecer parâmetros, antes da chegada dos reportes obrigatórios, utilizando estruturas como a ISO 17298 e ferramentas como a nossa futura NaRVal, ENCORE e o Global Biodiversity Score;
  3. Aproveite a infraestrutura da Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), se você já a implementou para preparar relatórios de risco climático, para a TNFD. Essa integração reflete a realidade de que os riscos climáticos e naturais estão interligados e devem ser gerenciados em conjunto, não em fluxos de trabalho paralelos;
  4. Sobretudo, desenvolva capacidades por meio da prática, em vez de esperar por dados perfeitos.
Karolina Gutiez (de camiseta salmão), gerente sênior para a América do Sul – Comunicação, Relações Institucionais, Sustentabilidade da Schneider Electric, com Gilles Vermot Desroches (camisa azul), diretor global de cidadania corporativa e vice-presidente sênior de assuntos institucionais da Schneider Electric.

IA e inteligência climática: ampliando soluções e gerenciando o impacto

O lançamento da AI Climate Institute (ACI) na COP30 sinaliza o reconhecimento de que a inteligência artificial moldará os resultados climáticos. Embora o instituto se concentre em equipar os países em desenvolvimento com recursos de inteligência artificial (IA), o desafio mais amplo é garantir que sua implantação acelere as ações climáticas e, ao mesmo tempo, gerencie sua própria pegada energética.

Os números dizem tudo: os centros de dados poderão consumir 1.000 TWh até 20267, mas a implantação estratégica da IA pode gerar uma economia de energia de mais de 15%8. Pesquisas recentes estimam que ela poderia reduzir as emissões em 3,2–5,4 GtCO₂, anualmente até 2035, apenas nos setores de energia, alimentos e transporte — indo muito além da própria pegada de carbono da IA, de 0,4–1,6 GtCO₂e9. Esses ganhos vêm de aplicações já em uso: do aprendizado de máquina otimizando o roteamento da cadeia de suprimentos, à gestão de energia e a manutenção preditiva de edifícios.

Para a SE Advisory Services e nossos clientes, a IA representa um multiplicador de força, automatizando análises complexas e liberando especialistas humanos para iniciativas estratégicas. Essa abordagem de inteligência colaborativa trata-a como uma ferramenta que amplifica o julgamento humano, não o substitui. A chave para implantar soluções como essa, em escala, é a “IA frugal”, uma disciplina de implantação que prioriza a eficiência. Ela prioriza:

  1. Modelos menores e específicos para tarefas, em vez de gigantes de uso geral;
  2. Computação de ponta, em vez de processamento em nuvem, sempre que possível; e
  3. Otimização contínua da eficiência dos modelos.

Checklist: como adotar IA frugal e sustentável

  1. Adotar princípios de IA frugal. Implantar modelos menores e eficientes para otimização de rotina, reservando modelos de linguagem grandes apenas para aplicações transformacionais, em que suas capacidades justifiquem os custos de energia;
  2. Medir a pegada energética da IA, juntamente com seus benefícios;
  3. Estabelecer parcerias com fornecedores que utilizem centros de dados alimentados por energia renovável e tenham metas alinhadas;

É fundamental tratar a IA como uma ferramenta que requer uma direção consciente, em direção aos objetivos climáticos, e não como uma solução que os entrega automaticamente.

Conclusão: a máquina já está funcionando

A COP30 terminou com as frustrações habituais: financiamento insuficiente, linguagem diluída, decisões adiadas. Mas o foco no que não aconteceu faz com que se perca o que está acontecendo. A máquina da mudança não espera pelo consenso, já está em andamento, construída por necessidade e não por escolha.

O que Belém tornou visível foi o surgimento de um mundo em três velocidades: governos movendo-se em ritmo diplomático, mercados movendo-se em ritmo lucrativo e a física movendo-se em seu próprio ritmo implacável. Entre essas velocidades incompatíveis, as empresas devem operar, não como heróis ou vilões, mas como entidades que tentam sobreviver a múltiplas transições simultâneas. A resposta pragmática é desenvolver capacidades que funcionem independentemente da velocidade que acabar dominando.

As organizações que compreendem isso não estão apostando em resultados únicos, mas sim desenvolvendo capacidades que funcionam em vários cenários. Não porque sejam prescientes, mas porque a redundância se tornou mais barata do que a disrupção. As mesmas capacidades que garantem a conformidade com o CBAM também reduzem o risco de aquisição. A diversificação energética, que reduz as emissões, também protege contra a volatilidade dos preços e a interrupção do abastecimento. As linhas de base de biodiversidade, que podem se tornar obrigatórias, identificam igualmente vulnerabilidades operacionais atuais.

A máquina da mudança não recompensa heróis nem vilões, mas os que entendem que a transformação acontece por meio de uma acumulação mundana, e não de avanços dramáticos. A COP30 nunca iria nos salvar. O trabalho que pode fazer isso já está em andamento.

Está pronto para desenvolver as capacidades que importam? Entre em contato com a SE Advisory Services hoje mesmo.

Fontes:

[1] https://www.transitionpathwayinitiative.org/publications/135/show_news_article

2 https://www.broadwayinitiative.org.uk/sector-transition-plans-launched-to-accelerate-investment-and-action-across-uk-economy

3 https://news.sustainability-directory.com/policy/japan-launches-massive-green-transformation-strategy-with-mandatory-carbon-market/

4 https://www.iisd.org/articles/insight/cop-30-outcome-what-it-means-and-whats-next

5 https://www.spglobal.com/sustainable1/en/insights/special-editorial/quantifying-the-financial-costs-of-climate-change-physical-risks

6 https://www.weforum.org/press/2020/01/half-of-world-s-gdp-moderately-or-highly-dependent-on-nature-says-new-report/#:~:text=Davos%2C%20Switzerland%2C%2019%20January%202020,pollination%20and%20a%20stable%20climate

7 https://www.iea.org/reports/electricity-2024/executive-summary

8 https://www.iea.org/reports/energy-and-ai/energy-demand-from-ai

9 https://www.lse.ac.uk/granthaminstitute/news/new-study-finds-ai-could-reduce-global-emissions-annually-by-3-2-to-5-4-billion-tonnes-of-carbon-dioxide-equivalent-by-2035/

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