Mudanças Climáticas: nosso maior desafio

Mudanças climáticas – Nosso o maior desafio

Um relatório do Global Footprint Network mostra que a humanidade está consumindo recursos naturais 1,7 vezes mais rápido do que os ecosistemas do planeta conseguem regenerar. Nós já consumimos 95% do nosso balanço global de carbono (carbon budget, em inglês, é a quantidade de carbono que podemos emitir e ainda ter uma chance de limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C). A acidez dos oceanos já está 26% maior em comparação aos tempos pré-industriais e se projeta um aumento entre 100 e 150% até 2100.

Nós já vivemos com as consequências. 2018 foi o 4º ano mais quente registrado na história. Grandes cidades, desde a Cidade do Cabo à Chennai, estão encarando escassez de água. Furacões estão ficando cada vez maiores e mais devastadores. Custos relacionados ao clima dispararam à US$2,25 trilhões, um aumento de 150% nos últimos 10 anos.

Mudança climática - Schneider Electric

A mudança climática é uma questão energética. Mais de 80% das emissões de CO2 vem da produção e do consumo de energia. Nós usamos energia em todos os momentos da nossa vida: para aquecer ou esfriar nossos escritórios e residências, produzir e cozinhar comida, fabricar os nossos pertences – de brinquedos até carros. Faz muito tempo que o crescimento contínuo na produtividade e o progresso da civilização humana tem sido vinculados com a exploração de recursos energéticos. Essa dependência cresceu com o aumento no desenvolvimento econômico e industrial. Nas últimas 5 décadas, a nossa população dobrou; a extração de matéria prima triplicou; enquanto o PIB global se quadriplicou (Global Resource Outlook, UN, 2019), e o consumo de energia cresceu em 2.5 vezes.

Com uma economia mundial crescente, e quase 2 bilhões de pessoas que se juntarão à população global no próximos 30 anos, nossas necessidades energéticas inevitavelmente aumentarão por mais de 40% até 2040. Essa energia servirá para alimentar edifícios e casas, e atender nossas necessidades de refirgeração, transporte e um estilo de vida cada vez mais conectado. Mais energia também será exigida para saciar a aspiração de novas economias de modernizar e elevar seus padrões de vida. Se nada for feito, o incremento na demanda energética até 2040 será equivalente ao aumento no uso de energia no decorrer do século 20.

Temos que repensar nossa relação com a energia. Não podemos aceitar um mundo onde o sistema de energia de ponta a ponta sofre perdas de até 60%. Temos que reavaliar as tecnologias do século 19 que usamos para o nosso transporte, nossas cidades ou a produção de energia. Não deveriamos admitir que 99% dos bens de consumo comprados serão descartados em 6 meses.

Temos que alavancar a tecnologia, escolher um caminho diferente para um mundo de carbono líquido zero e limitar os danos imprudentes que causamos à sociedades e economias[1].

A digitalização transforma tudo que fazemos. Ela também está inovando a forma como fazemos a gestão da energia. Ela está nos forçando a repensar a forma em que concebemos nossos prédios, indústrias e cidades.

Aqui seguem três mudanças radicais que ajudarão a conter emissões e manter o aumento na temperatura global abaixo de dois graus centígrados.

1. Cessar desperdícios de energia e desenvolver cadeias de valor ineficiêntes. Nós temos que dissociar a demanda energética do desenvolvimento econômico.

Nós podemos economizar 30% e 50% da energia em edifícios e industrias, respectivamente, em todo o mundo, seja em economias maduras ou novas. Existe uma oportunidade enorme na lacuna de desempenho técnico entre ativos existentes e soluções de ponta. Temos que escalar modelos circulares para reinventar cadeias de valores que geram resíduos. Alguns estudos (por exemplo, o estudo da Energy Transitions Commission, ETC) mostram um potencial de até 40% de redução no uso de recursos. É possível chegar em um crescimento zero na demanda energética até 2040 (comparado com um aumento esperado de 40%) se – como indivíduos, empresas, cidades e países – nós revisitarmos a forma que produzimos e consumimos.

2. Acelerar a eletrificação da matriz energética.

A eletricidade é, incontestávelmente, o vetor energético mais eficiente no ponto de uso final. Também é a única forma prática que temos de descarbonizar a energia e a economia. A Agência Internacional de Energia, o Bloomberg New Energy Finance, a Shell e outras partes interessadas confirmam que a parcela de eletricidade na matriz energética global deve dobrar até 2040.

3. Descarbonizar a oferta de energia.

A combinação da eletrificação e da descarbonização da matriz é a única forma de cortar, ao longo do tempo, a intensidade carbônica da energia. Todos os especialistas confirmam: a intensidade de carbono da eletricidade pode ser reduzida em sete vezes até 2030, usando tecnologias renováveis e de armazenamento. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) diz que a última década viu um aumento de quatro vezes na capacidade energética das fontes renováveis, de 414 GW a aproximadamente 1.650 GW. A capacidade solar, expõe o PNUMA, cresceu 29 vezes o nível de 2009 – de 25 GW a mais de 660 GW hoje.

Ao mesmo tempo, os próximos anos trarão avanços em baterias, materiais, bioquímica e inovação digital (internet das coisas [IoT], tecnologias avançadas de logística reversa), todas com um potencial promissor para lidar com todos os problemas relacionados à uma transição energética rápida. Tecnologias existem. Precisamos de liderança e direcionamentos mais ambiciosos para uma mudança mais ágil. Isso gerará custos mínimos à economia global (ETC).

O mundo de amanhã não será igual ao mundo de hoje. Edifícios e industrias estão sujeitos a se tornarem totalmente elétricos, conectados, flexíveis e adaptáveis. As cadeias de valores e infraestruturas vão evoluir e se tornar verdes e circulares, conectadas por plataformas colaborativas.

Na Schneider Electric, a sustentabilidade está no centro de tudo que fazemos.

Nós estamos comprometidos em apoiar nossos clientes que estão embarcando em uma jornada para a sustentabilidade. Clientes pedem performance de carbono. Investidores esperam transparência total no risco e impacto ambiental de seus portfolios. Gerações mais novas estão desafiando empresas. Na Schneider Electric, nós desenhamos soluções que atendem de  edifícios à indústrias, de cidades à data centers, e de grandes redes à pequenas redes – para promover eficiência energética e operacional. Os desafios estão interligados, e a sustentabilidade verdadeira requere uma abordagem integrada.

A sustentabilidade é uma jornada e nós estamos reforçando nossos compromissos.

Além do que fazemos pelos nossos clientes, dia 23 de setembro de 2019, nós anunciamos que estamos intensificando a meta de atingir neutralidade nas nossas emissões de carbono com três novas ações:

  1. Acelerar nosso objetivo de alcançar neutralidade nas emissões de carbono no nosso ecosistema extendido por 5 anos para 2025;
  2. Ter emissões operacionais líquidas zero até 2030 (objetivo validado pela iniciativa Science Based Targets de metas baseadas na ciência)
  3. Alcançar uma cadeia de suprimentos com emissões de carbono líquido zero até 2050.

Estes objetivos contribuirão à meta do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) de limitar o aumento na temperatura média global a 1,5°C.

Em tempos turbulentos como estes, o mundo de negócios tem um papel importante em moldar um futuro comum, mobilizando inovação e capacidades financeiras, e capacitando e preparando  pessoas para o futuro de nossas indústrias. Nós somos parte das 600 empresas que se aderiram à iniciativa de metas baseadas na ciência (#ScienceBasedTargets). Também somos parte das 34 multinacionais que se juntaram à coalizãpo G7 Business for Inclusive Growth (Negócios por um Crescimento Inclusivo do G7) para combater a desigualdade. Acreditamos que a sustentabilidade e a inclusão são as duas prioridades da nossa geração.

Na Schneider, nós chamamos isso de garantir que “Life is On” para todas as pessoas, em todos os lugares e em todos os momentos.

[1] Precisamos dividir em dois a quantidade de emissões de gases efeito estufa em menos de 12 anos; ter emissões líquidas zero até a metade do século, de acordo com o mais novo relatório do IPCC.

Texto original por: Jean Pascal Tricoire, Presidente e CEO da Schneider Electric.

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