Antártida atinge 400 ppm após 4 milhões de anos

A concentração de CO2 na atmosfera segue crescendo, dia após dia, apesar do compromisso firmado por quase duas centenas de líderes mundiais em Paris, no fim do ano passado. Ainda antes da COP21, eu já tinha escrito sobre o recorde de 400 ppm, ressaltando que o aquecimento global só poderá ser contido abaixo de 2 graus se evitarmos o limite máximo de 450 ppm. Fica cada vez mais claro que reverter essa tendência não será nada fácil.

A maior parte do CO2 emitido na atmosfera vem no hemisfério norte, porque lá vive a maioria da população do planeta. No vídeo abaixo, você poderá ver a movimentação do CO2 pelo planeta no mês de março de 2016 (simulação da NASA).

Por isso, a concentração de CO2 é mais baixa na Antártida. E lá fica a única estação de medição de CO2 do planeta que ainda não tinha atingido 400 ppm. Mas a concentração de CO2 tem crescido por lá também, e atingiu a marca de 400 ppm no dia 23 de maio passado. Veja no gráfico abaixo da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration).

CO2 South Pole

Pois bem, a Antártida atingiu seu o pior valor dos últimos 4 milhões de anos. Como a sazonalidade do CO2 por lá é pequena, isso significa que o planeta ultrapassou os 400 ppm permanentemente, o que prova que a atividade humana está mudando o planeta de forma profunda.

Aliás, é importante lembrar que a espécie humana não existia 4 milhões de anos atrás, quando isso ocorreu naturalmente. Portanto, estamos entrando num território desconhecido, de consequências desconhecidas.  O nível do mar se elevará, teremos secas, enchentes, tempestades, etc. A agricultura vai sentir. Produtos terão de ser cultivados em outros lugares. Doenças de vírus poderão se espalhar com mais facilidade. Nossos corpos também sentirão.

Pra concluir, quero dizer que termos chegado a um acordo na COP21 não significa que o problema está resolvido. Há que se construir políticas para redução das emissões, sejam elas oriundas de combustíveis fósseis, desmatamento, agropecuária ou qualquer outra fonte. Isso significa promover o consumo mais eficiente de recursos, e a geração de energia a partir de fontes limpas e renováveis.

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