A vida como nós conhecemos vai mudar

Quer você queira ou não. Com incentivo do Governo ou não. A sua vida vai mudar.  Para começar, uma parte cada vez maior do seu orçamento será destinado a contas de água e eletricidade. Os alimentos, e consequentemente restaurantes, vão ficar mais caros. De acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a América Latina é uma das regiões mais vulneráveis aos impactos da mudança do clima, com um custo anual, até 2050, de cerca de 2% a 4% do PIB da região. E este custo, de alguma forma, será repassado adiante. Por isso, a discussão que acontece em Paris, de 30 de novembro a 11 dezembro, não pode estar restrita só a ambientalistas e ao Governo. Parte do futuro será desenhada ali.

Passou da hora de lançarmos um novo olhar para a nossa realidade urbana. Crescemos desordenadamente, consumimos mais e pagamos agora o preço. De acordo com o BID, entre 1950 e 2010, a taxa de urbanização da América Latina passou de 41% para 79% e pode chegar a 90% em 2030. Algumas cidades, como São Paulo, já estão próximas desse índice. A demanda de energia saltou junto. Não é à toa que tememos tanto um apagão, já que boa parte das matrizes energéticas dependem de chuvas ou de combustíveis esgotáveis.

As INDCs da América do Sul enfatizam o uso de solo, agricultura e desmatamento, mas ainda são tímidas ao tratar de energia. Eficiência energética é um dos caminhos mais fáceis para a redução de emissões e representa, segundo a OLADE, um potencial de economia de 20% com medidas de curto período de payback, como automação e controle de motores e substituição de iluminação. Programas nacionais que criem condições para que a eficiência energética seja mais utilizada no médio prazo poderiam incrementar em 5% o compromisso de reduzir emissões na Argentina, Brasil, Chile, Colombia e Peru, sem contar na redução do custo da energia e ganho de tempo, enquanto as fontes não convencionais ganhem escala e baixem seus preços.

A Alemanha tornou-se a nação mais eficiente do ponto de vista energético, de acordo com o Conselho Americano por uma Economia com mais Eficiência Energética (ACEEE), revendo políticas e práticas, promovendo a transformação da rede e subsídios para troca de equipamentos. A iniciativa privada também tem papel fundamental, que vai do diálogo com o Governo para chegar ao modelo ideal à educação da sociedade, além da sua própria busca por eficiência operacional. Para evitar os 2°C adicionais, até pequenas mudanças de hábito em casa podem fazer diferença na luta por um futuro sustentável.

A boa notícia é que o aquecimento global já é uma preocupação do latinoamericano, segundo a Pew Research. Isso é natural, afinal nós começamos a sentir os efeitos. Enquanto o Peru já estima uma queda de até 15% em alguns de seus mercados como pesca e agricultura em virtude do El Niño, cidades como São Paulo vivem uma das maiores secas da sua história, colocando em risco o abastecimento de água e o de energia elétrica.

Com ou sem acordo em Paris para se evitar os efeitos das mudanças do clima, a única certeza que temos é a de que a vida vai mudar. Se não estancarmos o desperdício e deixarmos para trás a cultura imediatista, nosso saldo dificilmente ficará positivo. Precisamos entender, de uma vez por todas, que o que é bom para o Planeta é bom para a economia e para a nossa vida também.

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