Responder rapidamente e com eficiência quando um incidente ocorre é o cenário ideal de qualquer instituição de Saúde, que precisa trabalhar ininterruptamente em prol da segurança e do bem estar de seus pacientes. Mas, para chegar a esse ponto, é preciso contar com uma infraestrutura inteligente e flexível, capaz de prever problemas e de garantir a continuidade de funcionamento.
“Edifício inteligente é aquele que utiliza as instalações e a infraestrutura para realmente apoiar as atividades fins, ou seja, o foco do negócio. O ambiente construído tem de facilitar os processos, as atividades”, define a arquiteta Eleonora Zioni, coordenadora da Pós-graduação em Arquitetura Hospitalar do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Albert Einstein.
Segundo a especialista, no caso de um edifício hospitalar, as soluções não são simples, devido à complexidade de suas características. Demanda resiliência, preservação de recursos e manutenção apurada. Sem contar que se trata de um único prédio que engloba outros, entregando serviços além da assistência ao paciente, como hotelaria, escritórios, lanchonete, almoxarifado, entre outros. E todas as instalações devem ser pensadas de forma a garantir a segurança de pacientes, visitantes e colaboradores.
Com a pandemia da Covid-19, a necessidade de flexibilização nos hospitais ficou ainda mais evidente. Novas demandas surgem todos os dias e a admissão de operações cada vez mais automatizadas e integradas é o que vai garantir a eficiência da instituição.
A seguir, veja 5 aspectos da infraestrutura, calculados pela arquitetura, que resultam em respostas rápidas e seguras às circunstâncias inesperadas:
1. Previsibilidade
“O arquiteto tem de pensar sempre à frente. Ao aplicar as questões da arquitetura bem planejada dentro dos conceitos da arquitetura hospitalar, você torna mais eficientes os processos, as operações, as ações que são necessárias nos ambientes. Torna a infraestrutura mais confortável e segura como um todo”, conta Eleonora. Um exemplo disso é quando o edifício é equipado com recursos tecnológicos que monitoram amplamente todas as operações, como de sistemas HVAC (aquecimento, ventilação e ar-condicionado), energia, iluminação, segurança, entre outros, de forma integrada e em tempo real. Assim, é possível prever problemas e ser proativo.
2. Versatilidade
Um edifício hospitalar precisa ser facilmente adaptável para atender intercorrências e para incorporar novas tecnologias. Dentro desse conceito, um dos grandes desafios é a organização de fluxos, fundamental em ocasiões como na atual crise sanitária que vivemos. “Organizar fluxos é uma questão de prevenção. A pandemia trouxe a necessidade de uma reorganização espacial, é preciso deixar bem claro onde está o fluxo contaminado e o não-contaminado, por exemplo. Para isso, mais uma vez, precisamos usar a arquitetura como uma forma de antecipar essas questões”, diz Eleonora.
Os sistemas de HVAC e de pressão são pontos-chave dentro de um planejamento e organização de fluxos de um hospital, pois ajudam a evitar a propagação de agentes patogênicos.
3. Gerenciamento remoto
A automação completa e a interoperabilidade de sistemas tornam a gestão hospitalar muito mais eficiente e com a vantagem de viabilizar o gerenciamento remoto. A não necessidade de estar on-site para acompanhar de perto o desempenho de sistemas e operações é um ganho em matéria de tempo. Quando um defeito é detectado em tempo real, por menor que seja, pode ser reportado e reparado o quanto antes.
4. Integração de sistemas
Estamos vivendo na chamada quarta revolução industrial, no início de uma convergência de meios digitais, físicos e biológicos (humanos). Essa integração tem um impacto profundo na saúde — a chamada Saúde 4.0 — e, consequentemente, na arquitetura hospitalar. “A gente vai ter mudanças no sistema construtivo dos edifícios. Todos os aspectos da construção deverão evoluir, estarão integrados, seja na iluminação, seja no ar. Isso vai trazer muitos benefícios porque essa fusão permite não só coletar dados, como já temos hoje, mas uma maior eficiência, seja na cirurgia digital, seja no próprio hospital digital. A saúde dentro da quarta revolução industrial já é considerada a área que será mais impactada por essas mudanças. Basta ver o crescimento forte da telemedicina”, conta a especialista.
5. Humanização
Um sistema totalmente automatizado por soluções inteligentes possibilita mais tempo para focar em pessoas. O cenário pós-pandemia, por exemplo, prevê necessidade extra em termos de regeneração física e mental dos pacientes. A arquitetura também volta seus olhos para uma estrutura que contemple o atendimento humanizado, ainda que envolta a tantos recursos tecnológicos.
“O papel da arquitetura é muito importante para integrar essas novas tecnologias que virão, mas pensando sempre nas pessoas de maneira inclusiva, respeitando a diversidade, acessibilidade e o design universal, ou seja, design realmente para todos. Por isso, é fundamental preparar profissionais com a cabeça aberta para essas mudanças, pois serão as pessoas que vão projetar, construir e manter os estabelecimentos assistenciais de saúde no futuro”, conclui Eleonora.
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