Uma tendência interessante está ocorrendo no ambiente de tecnologia operacional (TO), especialmente em ambientes industriais, uma que os profissionais de TI poderiam muito bem observar: Os equipamentos e software relacionados à TI estão mais e mais interagindo diretamente com as camadas de TO tradicionais das empresas. Embora isto traga muitas vantagens que são descritas, em geral, em termos de tendências, como a Internet das Coisas (IoT), isto também requer uma nova postura sobre como tais sistemas são gerenciados.
Era uma vez… onde os equipamentos utilizados em ambientes industriais não tinham nenhuma semelhança com qualquer coisa que você poderia encontrar em ambientes de TI, como em um data center. Tínhamos controladores lógicos programáveis (CLPs), sistemas de controle distribuídos (SCD) e tecnologias de redes exclusivas para comunicação com e entre os sistemas de controle das fábricas. A camada dispositivo/sensor não fazia parte de qualquer rede e estava completamente isolada.
Embora esses sistemas de controle ainda existam hoje, muitas vezes eles são incrementados com clientes e servidores operando em sistemas operacionais de TI mais tradicionais, conectados a redes abertas que suportam o software destinado a se comunicar com os sistemas de gestão corporativos. Isto certamente oferece novos níveis de controle e recursos para geração de relatórios. Tipicamente, esses sistemas se comunicam via algum tipo de rede Ethernet que é semelhante, de muitas maneiras, àquelas encontradas no ambiente comercial das empresas.
Essencialmente, temos um híbrido de tecnologias de TO e TI tradicionais operando em conjunto no mesmo espaço, como parte de uma arquitetura mais ampla e mais aberta. Essa evolução na tecnologia é chamada, muitas vezes, de convergência de TI/TO.
Essa convergência da tecnologia também merece uma convergência organizacional ou mesmo cultural para alavancar efetivamente a evolução e minimizar os riscos em potencial que ela introduz. Tradicionalmente, os equipamentos, redes e software de TO eram administrados pelos departamentos de TO, enquanto a TI administrava as redes e os equipamentos corporativos no data center e nos escritórios da empresa. As disciplinas estavam separadas e, de certa forma, as áreas de responsabilidade se evitavam entre si.
Isto funcionou bem no ambiente tradicional porque os equipamentos de TO não mudaram muito e estavam conectados ao departamento de TI apenas de uma forma hierárquica. Os sistemas de controle poderiam ser instalados e permanecer praticamente inalterados durante anos, e modificados apenas para atender alterações em um processo ou nas condições de operação. Era bem pouco parecido com os data centers e outros ambientes de TI, que estavam em constante evolução. Não havia necessidade do envolvimento da TI. Mesmo onde haviam ativos de redes e de computação no ambiente de TO, eles estavam, em geral, isolados da corporação.
Considerações como atualizações, correções, implementação de software e cibersegurança eram amplamente ignoradas. Normas de TI não eram implementadas
À medida que a tecnologia de TI tradicional encontra seu caminho em ambientes industriais, isto ficou cada vez mais inaceitável. Grande parte da tecnologia precisa do mesmo tipo de cuidado e proteção que os equipamentos da TI no ambiente de TI, com o mesmo tipo de requisitos de gerenciamento e objetivos de continuidade dos negócios que os da infraestrutura do data center.
Em muitas maneiras, as tendências que chamamos hoje de “edge computing” e “edge networking” representam a dispersão de ativos tradicionalmente
localizados no data center, para aplicações de computação mais próximas do ponto de uso e, em geral, no ambiente de TO. Elas também se referem à inclusão de ativos de computação antigamente isolados e sem gerenciamento: “o espalhamento da TI” em uma infraestrutura distribuída e remota como um data center, gerenciada e monitorada de forma bem parecida como os ativos eram agrupados juntos em um único ambiente.
Agora estamos extraindo dados praticamente de qualquer equipamento em um ambiente industrial e alimentando esses dados em sistemas de relatórios que ajudam a acompanhar de perto o que está acontecendo, fornecendo dados para melhorar as operações. São sistemas usando tipicamente servidores e redes de TI tradicionais fazendo o grosso desse trabalho, sistemas que precisam de atenção constante.
Da perspectiva, vemos dois aspectos críticos para assegurar que esses sistemas permaneçam funcionais em um regime de 24 horas por dia × 7 dias por semana, ou próximo disto.
Primeiro, eles precisam de energia elétrica limpa e permanente, ou seja, precisam de proteção de um sistema de nobreak – exatamente como no caso dos equipamentos de TI de data centers. Agora isso não necessariamente significa que cada componente da TO precisa de energia reserva via um nobreak, mas aqueles que suportam os sistemas de controle e de relatórios de dados certamente precisam, o chamado “cérebro” do ambiente.
Segundo, é necessária uma infraestrutura gerenciada implantada, para alojar os ativos de TI. Aqui podemos ter diversos formatos, inclusive usar racks de TI tradicionais, servidores, unidades de distribuição de energia (PDUs), firewalls e coisas semelhantes. Também é necessário ter normas sobre implementação e manutenção de software, incluindo correções e atualizações. E também pode envolver tecnologia de virtualização, se a sua empresa suportar isto, como a maioria das empresas faz hoje. Ter uma ou mais arquiteturas de referência para tais ambientes de aplicação é muito útil a esse respeito.
Mas não significa que a arquitetura seja para os grupos de TO assumirem tarefas de gerenciamento. Em vez disto, ela fornece aos grupos de TI e de TO a oportunidade para trabalharem juntos e criarem normas sobre como essa infraestrutura será implementada e gerenciada. Os grupos de TO podem então implementar suas aplicações, mas fazer isto nos ambientes de “edge computing” que atua como parte de uma infraestrutura de TI distribuída que atenda suas necessidades estratégicas, e que a TI esteja disposta e capaz de suportar.
Com esse tipo de cooperação implantada, as empresas têm muito mais probabilidade de alcançar os objetivos de continuidade de negócios que buscam para seus ambientes industriais e para os sistemas de TI que os suportam.
Isto é apenas um dos problemas que vemos à medida que entramos ainda mais no mundo da IoT. Para saber mais sobre o que outras pessoas estão pensando, a Schneider Electric pesquisou mais de 2.500 tomadores de decisão empresariais em todo o mundo para obter sua visão da IoT e as oportunidades que ela oferece. Em nosso “Relatório Comercial IoT 2020” resumimos as descobertas, detalhamos as previsões para o futuro da IoT, destacamos maneiras como as organizações podem obter valor imediato da IoT e muito mais.
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