Picos de energia, como o do dia 19 de janeiro desse ano, acontecem todos os anos, em todo lugar. Por isso é que alguns países, não coincidentemente os mais desenvolvidos, se preparam para enfrentar esse tipo de situação se utilizando de programas de resposta à demanda (“demand response programs”). A Schneider Electric, inclusive, anunciou nesse mês um programa deste tipo em parceria com uma concessionária sul-coreana. E como ele funciona na prática?
Bem, ao invés de simplesmente desligar uma carga qualquer, o programa permite escolher a carga que será desligada – normalmente é a de um grande consumidor de energia e que, claro, possa ser desligada se houver o planejamento adequado. Para isso, os consumidores se inscrevem voluntariamente no programa e informam a sua disponibilidade de desligamento no momento do pico.
Dessa forma, cada desligamento é visto como uma “usina virtual” e remunerado como uma usina real: pela disponibilidade e pela operação. Ou seja, em um programa de resposta à demanda, as concessionárias pagam aos consumidores que se dispõem a desligar suas cargas. Pagam um valor pela simples participação no programa, mesmo que não seja necessário o desligamento e, outro, pelo volume de kWh desligado.
Com esse programa, todo mundo ganha: ganha a população, que não tem seu metrô, comércios e tudo mais desligado; ganha a concessionária de energia, que não tem sua imagem manchada por mais um caso de má gestão; ganha o governo, pelo mesmo motivo, e ganha o consumidor, que participa do programa e gera uma receita adicional.
Há dois anos, a Schneider Electric apresentou esta ideia a várias autoridades brasileiras, como a Aneel, a ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) e o Ministério de Minas e Energia. Não existia – e ainda não existe – regulação para esse tipo de programa no Brasil. No entanto, hoje o cenário mudou: não há energia. Talvez agora seja mais fácil e rápido criar a regulação do que a energia em si.
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