Vamos desconstruir dois mitos sobre as Microgrids

Já não há dúvida de que este é o momento para repensar o modo como produzimos, distribuímos e consumimos a energia. É sabido que, devido às metas de neutralidade carbónica, as Administrações Públicas estão a apostar cada vez mais em energias renováveis. O Governo português, por exemplo, está a preparar uma nova legislação para melhorar e otimizar o Decreto-Lei 162/2019, que regula o autoconsumo de energias renováveis.

Da mesma forma, e de acordo com o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 submetido à ONU em 2019, até 2050 Portugal deverá alcançar a neutralidade carbónica; reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa; descarbonizar o seu sistema electroprodutor e de mobilidade urbana; e alterar os seus modelos de utilização de energia, apostando em energias renováveis e em modelos de economia circular.

A rede elétrica portuguesa tem vindo a ser reforçada e modernizada para dar resposta às crescentes necessidades de consumo, mas existe sempre um risco subjacente de falhas no fornecimento de energia, especialmente perante eventos climáticos extremos.

Recordemos dois exemplos bem recentes: o corte geral de eletricidade que ocorreu em março de 2021 na ilha da Madeira devido a uma tempestade; e o “apagão” que se fez sentir em diferentes zonas do país em junho devido a um incêndio em França.

O financiamento das microgrids é agora possível graças aos modelos Energy-as-a-Service.

As microgrids são uma resposta prática e comprovada para todos os desafios acima expostos – tanto pelo impulso que dão às energias renováveis e ao armazenamento, como por garantirem um abastecimento de energia contínuo e fiável. Então, por que razão não contamos com mais microgrids? Em parte, devido a dois mitos que queremos desconstruir neste artigo. 

Mito 1: As microgrids são demasiado caras

Quando falamos sobre microgrids (ou microrredes) com gestores de instalações críticas, estes perguntam-nos frequentemente se estas redes são acessíveis. Durante anos, as microgrids estiveram fora do alcance de muitas carteiras, pois eram geralmente fabricadas à medida e com recurso a diferentes fornecedores, o que aumentava o seu preço. A isto somavam-se ainda os custos da geração solar e do armazenamento de baterias.

Recentemente, no entanto, esta realidade mudou. Por um lado, os custos de instalação de energia solar caíram 70% na última década, bem como os custos de armazenamento de baterias, que se reduziram em 76%. Para além disso, os novos players no mercado das microgrids estão a oferecer soluções integradas, o que torna a sua implementação mais simples, fácil e económica.

No que toca ao financiamento das microgrids, agora também já é possível construí-las graças aos modelos Energy-as-a-Service (EaaS). Os fornecedores de EaaS assumem os encargos financeiros, técnicos, operacionais e regulatórios, ao passo que o cliente toma as decisões.

Esta é uma forma de introduzir energias renováveis, proteger-se contra cortes de energia, otimizar a utilização de energia com base nas taxas de eletricidade e deixar a responsabilidade operacional para os especialistas. O cliente paga pelo serviço durante a vigência do contrato, mas sem ter de realizar o investimento inicial.

Mito 2: Não é claro se as microgrids realmente funcionam

Uma vez que esta tecnologia é relativamente recente, alguns operadores de instalações críticas têm receio de a experimentar. Embora a sua desconfiança seja compreensível, é insustentável não fazer nada e, por isso, correr os riscos associados às falhas de energia.

As interrupções podem custar centenas – se não milhares – de euros por minuto às empresas, e podem ter impactos operacionais com grandes repercussões na sua atividade.

Na Schneider Electric instalámos microgrids com sucesso em todo o tipo de instalações críticas. Talvez valha a pena falarmos sobre casos de estudo de clientes, para que tudo seja mais palpável.

Um deles será o novo centro de distribuição do Lidl na Finlândia conta com uma solução integrada EcoStruxure™ Microgrid e EcoStruxure Building Operation, que proporciona uma alta eficiência energética e garante energia 100% renovável. Graças a esta solução, o centro logístico tem um impacto líquido positivo e consegue poupanças de energia de até 70%. Estas instalações definiram um novo padrão de eficiência para os outros centros de distribuição da empresa.

Outro bom exemplo é o da microgrid instalada no Institut des Métiers et des Techniques (IMT) em Grenoble (França), que permitiu reduzir o consumo de energia e a pegada ecológica do campus em até 30%, otimizando a eficiência energética dos edifícios e proporcionando 15% de energia renovável e automática para pelo menos 30% da produção local.

 

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