Um guia NÃO definitivo para entender oportunidades do mercado de carbono

Mercado de carbono (?). Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (??). Se você já ouviu esses termos, mas ainda não entende muito bem o que significam, esse é um guia rápido e não definitivo para começar a entender. Caso esteja procurando um guia definitivo sobre mercado de carbono talvez você terá que esperar cinquenta anos, já que este é um tema que está no auge da expansão e evolução.

No final de abril, em parceria com a ONG Diálogo Energético, Minero y Extractivo Latinoamericano, a Schneider Electric realizou o webinar “Créditos de Carbono: um mercado en transformação”, para reunir representantes de governos, empresas, organismos internacionais e outros atores relevantes para compartilhar suas visões sobre o mercado de carbono, seus avanços e ferramentas de fixação de preço de carbono na América Latina. E é justamente o conteúdo desse webinar que usamos para montar esse guia. Caso queira acessar todas a apresentações na íntegra, clique aqui

 

PASSO 1 –  ENTENDER O QUE É, AFINAL DE CONTAS, O MERCADO DE CARBONO

 A expressão mercado de carbono se refere a todas iniciativas de comercialização de créditos de carbono. Um crédito de carbono é uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) que não foi emitida. Mas se a parte X reduziu sua emissão em várias toneladas e só precisava de reduzir a metade, então X pode comercializar esse “crédito” com a parte Y que não conseguiu reduzir o quanto precisava. O carbono é a moeda global para esse comércio, então todas as emissões de  gases de efeito estufa (GEE) são convertidas em emissões de carbono.

Essas iniciativas podem seguir os requisitos dos mecanismos de flexibilização do Protocolo de Quioto ou podem ter um caráter independente, o chamado mercado voluntário. Não entendeu nada? Vamos por partes: o Protocolo de Quioto foi um acordo discutido em 1997 e que vigorou de 2004 a 2012 onde os países se comprometiam a reduzir suas emissões de GEE. Mas esse acordo trazia algumas opções para facilitar que os países reduzissem suas emissões, e esses facilitadores são os mecanismos de flexibilização – Comércio de EmissõesImplementação ConjuntaMecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

Dessa forma, os créditos de carbono podem ser usados para o cumprimento da meta de redução de emissões dos países caso todas etapas da comercialização (tipo de projeto, medição, validação, etc) estejam dentro das regras do Protocolo de Quioto. E adivinha? O mesmo poderá acontecer para o Acordo de Paris! :O

 

PASSO 2 – COMO O ACORDO DE PARIS AMPLIOU AS POSSIBILIDADES PARA O MERCADO DE CARBONO

Dentre os compromissos assumidos pelos países no Acordo de Paris da COP 21 em 2015 estão os de mitigação de emissões de GEE, ou seja, os países precisam encontrar formas de reduzir suas emissões. Os sistemas fiscais que procuram alocar o preço do carbono – como mercado de carbono ou impostos sobre carbono – se apresentam como uma das estratégias mais eficientes para responder às mudanças climáticas e para alcançar um desenvolvimento sustentável e baixo em emissões.

O artigo 6 do Acordo de Paris, que prevê “transferências internacionais de unidades de redução de emissões”, lança uma nova luz sobre o mercado de carbono. Na Cúpula de Mudanças Climáticas (COP 22) de Marrakesh os países começaram a definir, na prática, as regras e o planejamento de um sistema internacional de comércio de emissões de carbono.

 

PASSO 3 – EXISTE E DE ONDE VEM O FINANCIAMENTO PARA DESENVOLVER MERCADOS DE CARBONO?

Também durante a COP 22 concordou-se na implantação de novas políticas internacionais que permitam aumentar o financiamento verde a nível global e os países já estão trabalhando para o desenvolvimento de seus mercados de carbono. Os governos tem um papel central na implementação desses sistemas, pois é preciso criar Intitucionalidade, Medidas Setoriais e Marcos Regulatórios para construir capacidade governamental para implementar e gerir um mercado de carbono.

Por outro lado, para instituições privadas de vários setores a precificação de carbono surgiu como possibilidade de certificar e comercializar reduções de emissões de CO2 e desse modo financiar transições tecnológicas. O primeiro passo desse processo é quantificar as emissões de GEE de forma precisa e fiel. Em 2001, a central hidroelétrica de Chacacabuquito da geradora elétrica chilena Colbún iniciou a quantificação de suas emissões e, em 2002, foi a primeira central hidroelétrica do mundo a transacionar créditos de carbono.

 

PASSO 3 – SABER ONDE JÁ ESTÁ SENDO APLICADO

Hoje já existem 19 Sistemas de Comércio de Emissões em operação no mundo. Na América Latina, México, Brasil e Chile estão considerando implantar Sistemas de Comercio de Emissões (Emission Trading Systems – ETS). A Aliança do Pacífico, integrada por Chile, Colômbia, México e Peru, anunciou sua intenção de criar um mercado comum de carbono. Vários países latinoamericanos já enxergam a precificação de carbono como uma oportunidade e como o primeiro passo na implementação de seus mercados de carbono.

Na mesma linha, o imposto sobre o carbono, um instrumento já executado em países como Chile, México, Costa Rica e Colômbia, incentiva a redução da intensidade energética, o desenvolvimento de novas tecnologias e energias limpas e facilita sistemas de medição, comunicação e verificação das emissões de gases de efeito estufa. A intensidade energética de uma economia demonstra quanta energia foi consumida para gerar um determinado Produto Interno Bruto (PIB)

 

PASSO 4 – DESCOBRIR COMO A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA AJUDA A REDUZIR EMISSÕES DE GEE

Eficiência energética é consumir menos energia para executar a mesma atividade, ou ainda , usar a mesma a energia para executar mais atividades. No mundo, medidas de eficiência energética tem o potencial de reduzir 700 a 900 mega toneladas de carbono até 2020 (em relação ao ano base), sendo que a maior parte das medidas podem ser adotadas a um custo líquido negativo. De acordo com o Sr. Juan José Aranguren, Ministro de Minas e Energia da Argentina, espera-se que 32% da redução de emissões assumida pela Argentina no Acordo de Paris será devido a medidas de eficiência energética em diferentes setores.

Nesse contexto, a Schneider Electric tem uma grande responsabilidade no enfrentameno às mudanças climáticas, pois atende quatro grandes mercados (construções, indústrias /infraestrutura, datacenters /redes e residências) que combinados representam aproximadamente 70% do consumo de energia no mundo.

 

PASSO 5 – CONHECER UM CASO REAL DE SOLUÇÕES DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Pode-se apresentar, por exemplo, o caso de uma empresa de produtos lácteos que reduziu sua intensidade de uso de energia por tonelada de produto produzido. Esse resultado foi obtido ao integrar ofertas de automação, gestão de energia e software. O sistema de medições foi otimizado para produzir dados mais ricos, reais e relevantes e esses dados foram encaminhados em tempo real a uma plataforma de dados de procesos industriais e de energia que agrega, computa e apresenta os dados em forma de indicadores. Associado a isso, foram fornecidos serviços de aumento da eficiencia energética.

Conseguiu-se uma redução 370 kWh por tonelada de produto para 270 kWh por tonelada de protudo em um horizonte temporal de oito anos, representando uma economia da ordem de 4 milhões de euros. É essencial que as empresas do setor elétrico e industrial vejam a redução de emissões como oportunidades de investimento em competitividade e negócios verdes, ao invés de percebê-la como um obstáculo. Esse é apenas um dos casos com os quais lidamos todos os dias…Imagine se todas as indústrias, residências e cidades do mundo fossem mais eficientes?? Nós da Schneider Electric não só imaginamos, estamos ajudando a construir essa realidade.

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Conversa

  • Paulo Henrique Souza

    8 anos ago

    Extremamente interessante! E muito claro para entender como o tema Crédito de carbono funciona!

    Responder

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