A meta assumida pelo governo brasileiro na COP-21, de alcançar 10% de ganho de eficiência no setor elétrico até 2030, pode ter um efeito redutor de 17% nas tarifas de energia no período. O cálculo faz parte de estudo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), lançado na semana passada. O estudo também contemplou outros dois cenários, com conservação de energia de 15% e de 20%, e concluiu ser possível alcançar redução tarifária de até 27%.
Partindo de um custo operacional total do setor do Sistema Interligado Nacional (SIN) de R$ 112 bilhões, um ganho de eficiência de 10% resultaria em uma redução de custos de R$ 27 bilhões (24%) e em uma redução tarifária de 17%. No cenário de 15% de economia de energia, a redução de custos operacionais do sistema seria de R$ 34 bilhões (30%) e redução tarifária, de 21%. Se chegarmos a 20% de eficiência, a queda dos custos operacionais alcançaria R$ 43 bilhões (38%), e a redução tarifária chegaria a 27%. Estes dois últimos cenários dependem da decisão do governo de criar estímulos à eficiência energética.
O que temos feito há anos no Brasil é gerar mais e mais energia, sem nenhum combate ao desperdício. Por isso, é importante mostrar o custo de implementação do MWh gerado com o economizado. A figura abaixo apresenta uma comparação entre o preço de energia nova para diversas fontes, o Custo Marginal de Expansão (CME) e o custo de implantação de ações e medidas de economia de energia. E então podemos ver que eficiência energética é a forma mais barata e limpa de expansão da oferta de energia.
O estudo também considerou o efeito do ganho de eficiência na diminuição da necessidade de investimentos para ampliar a capacidade de geração de energia do país. Com 10% de conservação de energia, a necessidade de investimentos em novas usinas cairia R$ 58 bilhões. Economizando 15% de energia, a redução dos investimentos poderia ser de R$ 70 bilhões. E se chegarmos a 20% de eficiência energética, sobrariam R$ 90 bilhões para serem investidos.
O estudo mostra que sustentabilidade é bastante compatível com competitividade, e é a melhor solução em um momento de crise. Afinal, quem não gostaria de um alívio de 27% nos custos de energia?
Referência: Consumo eficiente de energia elétrica: uma agenda para o Brasil
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