Quatro estratégias comprovadas para desbloquear a descarbonização dos edifícios

Por que razão é importante descarbonizar os edifícios? A transição para uma gestão de edifícios energeticamente eficiente e sustentável é essencial para atingir os objetivos climáticos definidos em 2023, na COP28. Esta mudança reduz as despesas públicas e privadas e diminui as faturas de energia dos consumidores; para além disso, promove ambientes de vida e de trabalho mais saudáveis e confortáveis, melhorando a qualidade do ar no interior e reduzindo a dependência dos combustíveis fósseis. Para além dos benefícios ambientais, a descarbonização dos edifícios é um importante motor económico, com potencial para criar mais de três milhões de postos de trabalho, à medida que aumenta a procura por reabilitação de edifícios e instalação de tecnologias que poupem energia.

A tecnologia torna possível a concretização destes objetivos e dos benefícios que lhes estão associados. Já existem, hoje, tecnologias e ferramentas que permitem a eletrificação e a digitalização dos edifícios para reduzir as faturas de eletricidade e, ao mesmo tempo, diminuir as emissões de carbono.

Estudo recente descreve como otimizar a descarbonização dos edifícios

O Sustainability Research Institute (SRI) da Schneider Electric concluiu recentemente meses de investigação detalhada sobre o consumo de energia e a eficiência energética. A análise avaliou 126 cenários únicos, focados em sete segmentos de edifícios em nove regiões geográficas (Califórnia, Flórida, Ontário, Massachusetts, China Oriental, França, Dinamarca, Itália e Espanha). Cada cenário utilizou dados localizados relativos ao clima, irradiação solar (quanta energia solar incide numa área específica num determinado momento), conteúdo de CO2 da rede, estruturas de tarifas de eletricidade inteligentes e desempenho/custos dos ativos.

Assim, o relatório “Decarbonizing Buildings to the Benefits of Consumers and System Operators” faz parte de uma série de documentos relacionados e apresenta mais de 30 tabelas e gráficos orientados para a investigação, que consolidam e comparam os resultados de dados globais sobre energia em edifícios. Ao recolher estes dados, a equipa de investigação do SRI realizou milhares de simulações que tiveram em conta o tipo de edifício, a geografia e as variáveis das opções de microgrids.

Melhores práticas que reduzem os custos e aumentam a redução das emissões

A digitalização e a eletrificação das operações dos edifícios desempenham um papel fundamental para alcançar a descarbonização profunda necessária para cumprir os objetivos de emissões e de consumo de combustível nestes ativos. As medidas tradicionais de eficiência energética (melhor isolamento, controlos de iluminação e sistemas de gestão de edifícios – BMS) já não são suficientes para os edifícios atuais. A investigação do SRI revela que os verdadeiros edifícios inteligentes devem gerir, de forma integrada, quatro elementos tecnológicos importantes:

  • Eficiência energética/Sistema de gestão de edifícios (BMS)
  • Energia solar nos telhados
  • Armazenamento de energia em baterias/microgrids
  • Bombas de calor

Embora cada uma destas tecnologias contribua, por si só, para a descarbonização e para a redução das faturas de energia, os edifícios só atingem uma descarbonização otimizada quando os quatro elementos se interligam e maximizam o desempenho através da digitalização e da eletrificação.

O projeto de investigação do SRI também observou várias tendências relativamente à integração ou falta de integração destes elementos críticos da descarbonização.

A digitalização impulsiona a otimização

A digitalização permite que os proprietários de edifícios aumentem o desempenho energético de várias formas:

  • Expande o impacto dos sistemas de gestão –Ao habilitarem um controlo mais granular sobre a ventilação, aquecimento, arrefecimento e outras infraestruturas ambientais dos edifícios, os sistemas de gestão digital permitem aos proprietários de edifícios irem além das medidas básicas de eficiência. Estes sistemas inteligentes revelam novas áreas de otimização que nunca foram reconhecíveis no passado.
  • Recolha e análise de dados contínuas – O acesso a mais dados oferece novos níveis de conhecimento sobre os padrões de consumo de energia e dos comportamentos dos edifícios. Isto permite que os proprietários de edifícios tomem decisões informadas, implementem melhorias específicas e acompanhem o progresso das suas iniciativas de poupança de energia.

Os edifícios descarbonizados NÃO são prejudiciais para o funcionamento do sistema de rede

O relatório de investigação do SRI mostra que os encargos para a rede decorrentes da implementação de um sistema integrado altamente eletrificado e digitalizado são muito menores do que o previsto. Este facto é importante, porque o consumo excessivo de energia pode resultar em penalizações financeiras avultadas (nos EUA) e num corte total de energia (na Europa) quando os proprietários dos edifícios excedem as quotas máximas de energia.

De facto, durante a investigação, muito poucas instalações registaram problemas com picos de carga. Isto deveu-se ao facto de a eficiência mais elevada que o BMS consegue gerir (que resultou em consumos de energia reduzidos) compensar a eletrificação da bomba de calor. Para além disso, várias instalações estavam a utilizar energia gerada a partir dos seus painéis solares e não a partir da rede. Isto também ajudou a compensar o aumento do consumo de energia no funcionamento da bomba de calor. O resultado líquido é uma fatura energética muito mais baixa.

A energia solar no telhado, as baterias e a digitalização geram benefícios sinergéticos de redução de custos e de carbono

Abordagens mais abrangentes ajudam a promover uma descarbonização mais profunda. Ao integrar de forma proativa elementos como o comportamento energético em tempo real, dados de tarifas de serviços públicos e dados de previsão meteorológica, os proprietários de edifícios são capazes de gerir estrategicamente o armazenamento de baterias e a produção de energia solar nos telhados. Assim, oferecem a si próprios a flexibilidade de consumir energia da rede durante períodos em que as tarifas estão baixas e revender o excesso de energia à rede (se a empresa de serviço público local suportar tais programas) quando os preços da energia estão altos – minimizando os custos, diminuindo as emissões de CO2 e reduzindo os picos de procura.

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